sábado, 1 de março de 2014


DIÁRIO DE BORDO N. 07

Tema: Fado

Data:  26 de fevereiro de 2014, 10h.

 

Existem controvérsias sobre a origem do fado em Portugal, uns dizem que foram os mouros (árabes), outros os marinheiros. Sabe-se, no entanto, que a palavra significa “destino”, “fatalidade” e foi considerado Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO. Os cantores do fado embalam-se os versos que expressam paixões, amores e as tristezas ao som da guitarra portuguesa (viola), como, por exemplo a letra de “O Fado Chora-se Bemde Amália Rodrigues:

 

Moram numa rua escura
A tristeza e a amargura
A angústia e a solidão
No mesmo quarto fechado
Também lá mora o meu fado
E mora meu coração

Tantos passos temos dado
Nós as três de braço dado
Eu a tristeza e a amargura
À noite um fado chorado
Sai deste quarto fechado
E enche esta rua tão escura

Somos vizinhos do tédio
Senhor que não tem remédio
Na persistência que tem
Vem persistência que tem
Vem p'ró meu quarto fechado
Senta-se ali a meu lado
Não deixa entrar mais ninguém

 

Nesta risonha morada
Não há lugar p'ra mais nada
Não cabe lá mais ninguém
Só lá cabe mais um fado
Que neste quarto fechado
O fado chora-se bem
Amália Rodrigues


 No Museu do Fado, em Lisboa, está a história desse estilo musical, desde os tempos remotos aos instrumentos e até de fadistas inesquecíveis a exemplo de Amália Rodrigues, considerada a rainha do fado e que divulgou a cultura portuguesa.

De seu repertório, a música que acho mais bonita é “Povo que lavas no Rio” http://www.youtube.com/watch?v=HJ-ugf0_YPg   No Museu encontra-se, também, a criação de José Malhoa que retratou a “marginalidade”, em 1910, na obra “O Fado”.

Figura 01- “O Fado”, José Malhoa, 1910. FONTE: CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA. O Povo de Lisboa. Tipos, Ambiente, Modos de Vida, Mercados e Feiras, Divertimentos, Mentalidades. Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus. Direcção dos Serviços Centrais e Culturais. Exposição Iconográfica, Junho\Julho, 1978-1979. 
            No Bairro de Alfama existem muitas Casas de Fado, restaurantes, cafés, artesanatos, pensões e etc. Trata-se de um ponto turístico considerado mais antigo e de origem árabe que significa “banhos” ou “fontes”. O local guarda a história nos prédios antigos, azulejos, candeeiros, ruas estreitas, roupas penduradas nos varais, juntamente com os jarros de flores nas varandas. Neste lugar conheci a Casa “Fado Maior”, como ilustra a foto abaixo:
Figura 02-Casa de Fado no Bairro de Alfama. Fonte: Arquivo Pessoal 
O lugar é acolhedor e apropriado para apreciar à boa música de fadistas como Julieta Estrela, Bruno Igrejas, Jorge Morgado, Maria Odília Henriques e Clara Cristão, entre outros. Para completar a noitada, a Casa, que também é um restaurante, serve um delicioso jantar: primeiro, a entrada com queijo, azeitona e pão. Depois, a refeição principal com bacalhau e batata e por último, a sobremesa. O vinho não pode faltar à mesa e muito menos o som da viola e os versos do fado.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário