DIÁRIO
DE BORDO N. 14
Tema: Transportes
Públicos
Data: 20 de março de 2014, 10h
Desde o dia que cheguei em Lisboa só
andei uma vez de taxi, os demais dias utilizei o transporte público,
principalmente, de Metro, como aqui é chamado. Meu pai, na despedida, deu-me um
mapa metropolitano de Lisboa e assim venho orientando-me.
Apesar da crise econômica, em que
Portugal vive, o transporte público é bem servido em relação ao Brasil.
Apresentarei em poucas linhas a experiência que estou tendo no meu quotidiano.
Primeiro os autocarros (ônibus). Para ir
à Cidade Universitária pego o n. 767. A passagem custa 1,70 euros. O ônibus é
confortável e o interessante é que o sinalizador (veja a foto) está ao alcance
do passageiro que não demanda grande esforço, facilitando o acesso a todos,
principalmente, aos idosos. O motorista tem paciência de esperar o passageiro
subir ou descer. Há espaço reservado ao cadeirante, como no Brasil, e
principalmente, aos carrinhos de bebês.
Figura 01-
Autocarro. Fonte: Arquivo Particular
Outra possibilidade é o metro: rápido,
pontual e preço acessível que permite fazer conexões entre as linhas, ou seja, anda-se
mais pagando menos. Semelhante experiência foi em Porto e Madrid, Espanha.
Figura 02: Interior do Metro em Porto, Portugal. Fonte:
Arquivo Pessoal
Para comprar a passagem é fácil. Basta recorrer as máquinas, conforme a figura
abaixo:
Figura 03-
Compra de passagem para o metro. Fonte: Arquivo Particular
O metro é super confortável e o interessante é que sua localização está próxima de centros
comerciais (shopping), rodoviária,
universidades, hospitais, estádios de futebol, aeroporto, porto, escolas e
pontos turísticos.
O estrangeiro não precisa ficar
preocupado, pois, há sempre um funcionário ou um policial disponível para
orientar, mesmo que seja de outro idioma. Aqui, a segunda língua, praticamente,
é o inglês. Outro detalhe é que pode transportar bicicleta e já vi também
pessoa com dificuldade visual entrar como o cão-guia.
É preciso que se diga ainda que, independente do horário, há segurança no
metro. O cidadão, aproveita os minutos para ler, ouvir música, acessar as
notícias ou falar tranquilamente no celular sem medo de furto, roubo e estupro.
Lógico que não significa que deve-se andar com a “cabeça nas nuvens”.
Portugal oferece o serviço de Comboio (trem)
suburbano para Sintra, Cascais, Belém, etc. e para outras cidades através do Alfa
Pendular, Intercidades e Regional:
Figura 04. Comboios Portugueses. Fonte: https://www.cp.pt/cp/displayPage.do?vgnextoid=b3cdd5abe2a74010VgnVCM1000007b01a8c0RCRD
Há também os comboios internacionais:
Espanha e França. E de lá pode-se fazer vinculações com outros países. Os estudantes
são incentivados a viajarem com as promoções e os descontos. Enfim, este é um
quadro geral dos transportes públicos de Portugal.
Diante desta realidade, deixo a imaginação
voar: já pensou, um dia, a América do Sul unida pelas estradas de ferro? E o
Brasil? A propósito, por que no Brasil, os transportes públicos são tão
depreciados e desvalorizados? Sem contar com a absurda mentalidade de que
utilizar transporte público é vergonhoso ou “coisa de pobre”, como repercutiu
na mídia sobre o caso da atriz Lucélia Santos no Rio de Janeiro.
E
sonho mais: já pensou em vê o nosso país ligado pela malha ferroviária? Reduzindo
minha aspiração: já imaginou brasileiros terem transporte público de qualidade?
Encurtando meu devaneio, já idealizou o Ceará ter de volta os trens de antigamente?
A propósito, aos interessados em conhecer a história da linha férrea no Ceará,
em particular no Crato, consultar a dissertação de Ana Isabel Ribeiro Parente
Cortez, “Memórias Descarrilhadas: O
Trem na cidade do Crato” em http://www.historia.ufc.br/admin/upload/ANA%20ISABEL.pdf
A geração de meu avó e de meu pai conheceu
esta realidade. Meu avó partia de Quixadá ao Crato para comprar rapadura que
era conhecida pela sua excelente qualidade. Meu pai, ainda jovem, fazia o
percurso de Fortaleza ao Quixadá, como também, Quixadá ao Crato. Algumas
imagens do trem na cidade do Crato de outrora:
Também, na minha infância, fiz uma
viagem com meus pais de Fortaleza - CE ao Recife - PE no trem “Sonho Azul”. Os vagões eram confortabilíssimos. Foi uma
viagem maravilhosa!
É por essas e outras que penso o quanto
o Brasil está despreparado para receber os Jogos da Copa, pois, nem transporte
público de qualidade (sem falar de outras questões) pode oferecer aos
brasileiros (que, salvo exceções, não estão preparados para tê-los) quanto mais
aos visitantes de diversas nacionalidades.
Ariza
Rocha
http://www.urca.br/portal/
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